Feitiços [Charmes]
Paul Valéry
Tradução
e estudo: Roberto Zular e Álvaro Faleiros
Edição
bilíngue (Português/francês)
244
páginas | 15,5x22,5 cm
ISBN:
978-6-555-19062-5
Poucos autores foram tão lidos, comentados e traduzidos ao longo dos
últimos cem anos quanto Paul Valéry. Contudo, só agora chega ao Brasil uma
tradução completa dos seus Feitiços.
Trata-se de uma obra que, após a experiência radical de A jovem parca, flutua entre diversas possibilidades poéticas que
produziriam obras-primas como “O cemitério marinho”, um dos mais famosos poemas
do século XX, e outros tantos como “Esboço de serpente”, “A Pítia”, “Fragmentos
do Narciso”, “Os passos”.
Muitos desses poemas já haviam sido traduzidos isoladamente, mas a visão
de conjunto permite sopesar o alcance da estratégia antimoderna de Valéry. Ao
resgatar o artesanato do verso, ele buscava também abarcar outros modos de vida
esquecidos pela tábula rasa da modernidade: a relação com a natureza, a vida
dos seres míticos, o modo de existência da linguagem, a hesitação prolongada
entre o som e o sentido que fecundam outros modos de sensibilidade e outras
maneiras de habitar o tempo.
Claro que ao longo dos poemas, será impossível o leitor não perceber o
quanto a poesia de Valéry reverbera e ressignifica a fineza de sua prosa, que
ocupa parte importante do seu legado. Mas é interessante notar que Valéry é
desde o início poeta, sim, um poeta que levou tão a fundo as questões do seu ofício
que tocou em uma infinidade de outras questões: da guerra à cosmologia, da
linguagem à política, da vida sensível ao pensamento abstrato. Tudo entra em
ressonância quando levamos ao limite a potência dos nossos atos.
Mesmo para aqueles que ainda guardam a imagem de um Valéry intelectual,
será interessante passear pelo ritmo dos afetos e das sensações que fluem como
o mar entre o imaginário mediterrâneo e um forte de diálogo com séculos de
poesia europeia. Recolhe-se aqui um savoir-vivre das variações do espírito
quando este, longe de uma pureza abstrata, se coloca entre o corpo e o mundo.
Para os tradutores, aqui reverbera também uma larga tradição poética
brasileira que tem entre os seus precursores figuras do porte de Drummond, João
Cabral e Augusto de Campos, entre tantos outros notáveis valerianos. É no
diálogo com eles que esses poemas vieram até nós, como uma experiência viva que
habita a raiz da palavra “feitiço”: como um fazer, uma prática, uma técnica,
mas que é atravessada pelo encanto, pelo canto, pela magia, pela capacidade de
animar o mundo com outras infinitas camadas de existência.
Paul Valéry (1871-1945) foi um
dos mais importantes escritores franceses do século XX. Poeta amplamente
reconhecido, fez da poesia um microcosmo que lhe permitiu entrecruzar os mais
diversos campos do saber (poética, linguística, psicologia, política, física,
biologia) e os mais variados meios de escrita (poemas, ensaios, traduções,
peças, diálogos). Sua obra secreta, os cadernos,
são o testemunho das dores e alegrias de uma vida que recusou a banalidade e a
violência do mundo, partindo em busca de outras formas de pensamento e de
outros modos de existência.
Especificações Técnicas | |
Autor(a) | Paul Valéry |
Nº de páginas | 244 |
ISBN | 9786555190625 |
Altura | 15,5x22,5cm |