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“Quem manteve Arlt vigente e o salvou do esquecimento foram os leitores.
Foi lido sempre e se lê hoje e, há cinquenta anos, é um escritor atual.”
“Os romances de Arlt parecem alimentar-se do presente, quero dizer, de
nossa atualidade. Se há um escritor profético na Argentina, esse é Arlt. Não
trabalha com elementos conjunturais, e sim com as leis de funcionamento da
sociedade. Arlt parte de certos núcleos básicos, como as relações entre poder e
ficção, entre dinheiro e loucura, entre verdade e complô, e os converte em forma
e estratégia narrativa, converte-os no fundamento da ficção.”
Quando o jovem Roberto Arlt (1900-1942)
estava escrevendo este que seria seu romance de estreia, planejou chamá-lo de A
vida porca. O título provocativo deu lugar a outro mais sugestivo, quase
infantil, que o tornaria célebre: O brinquedo raivoso (1926). Ambos os
títulos dizem muito sobre como se pode ler este romance: o relato
autobiográfico de Sílvio Astier, rememorando a própria adolescência com seus
rituais de iniciação e suas escolhas, a falsificação da figurinha mais difícil
do álbum, a necessidade de procurar o primeiro emprego e a formação da
sociedade criminosa — que se sustenta à base de pequenos furtos e gigantescos
projetos nunca realizados. Entre desejo e necessidade, Sílvio caminha com a
cesta de compras para ajudar o patrão, cuja loja depois tentará incendiar: “E
eu era aquele que havia sonhado em ser um bandido grande como Rocambole e um
poeta genial como Baudelaire!”. Para o leitor brasileiro de hoje, o livro traz
também a possibilidade de revisitar a Buenos Aires dos anos 1910, que surge em
cores extravagantes, através da imaginação delirante do protagonista,
alimentada pelos folhetins de aventuras, pela imagem da diva do cinema italiano
Lyda Borelli e por cada promessa de aventura que parece encerrar uma nova
invenção ou projeto criminoso. Essa Buenos Aires feérica faz lembrar certa São
Paulo do modernismo brasileiro, aquela de linguagem oral viva — de Alcântara
Machado e Oswald de Andrade —, mas já plena de uma sujeira que, em nossas
letras, teria de esperar até os passeios de Roberto Piva pelo centro, nos
poemas de sua Paranoia (1963). O narrador de Roberto Arlt nos mostra que
entre a porcaria dessa vida e a violência do brinquedo novo e
incompreensível, caberá ao jovem protagonista fazer uma escolha que, como
cicatriz, carregará por toda a vida.
Wilson
Alves-Bezerra
Especificações Técnicas | |
Autor(a) | Roberto Arlt |
Tradutor(a) | Maria Paula Gurgel Ribeiro |
Nº de páginas | 160 |
ISBN | 9788573214239 |
Largura | 16cm |
Altura | 23cm |